quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Entrevista: Bianca Zanella


A profissão do jornalista, nos dias de hoje, exige que o profissional exerça seu ofício de forma a contemplar todos os tipos de ferramentas de mídia disponíveis. Os recursos que a internet dispõem para que os jornalistas façam suas matérias, reportagens e até mesmo discorram opinativamente sobre as pautas, permitem maior interatividade, velocidade e aprofundamento dos assuntos através dos recursos hipertextuais e multimidiáticos disponíveis em blogs, sites e portais de notícia na internet.
Discorrendo sobre a ação e atuação do jornalista e o valor do mesmo no universo virtual da internet, Bianca Zanella, editora do site wp.clicrbs.com.br/pelotas, concedeu a entrevista disposta abaixo:

1) Em sua graduação em jornalismo, tiveram disciplinas que referenciaram o jornalismo on line, ou até mesmo à prática de se lidar com a internet como meio de comunicação jornalistico?


Sim, as disciplinas de jornalismo on line ajudaram na compreensão do que eu faço ou preciso fazer no meu trabalho hoje, e também despertaram o meu interesse para atuar nessa área. As aulas ampliaram meu campo de visão e trouxeram ferramentas que eu não conhecia. Na hora de aplicar é preciso conciliar aquilo que aprendemos - o ideal, como deveria ser - com as políticas da empresa onde se trabalha e também com os recursos que se dispõe - o que podemos fazer. Aí é o desafio prático, não sei como a professora Raquel Recuero me avaliaria hoje, agora que estou no mercado de trabalho (hehehehe).

2) Qual a relevância do jornalista frente aos meios tecnológicos, com vistas a utilização da internet como veículo de disseminação da informação?

Eu sempre lembro da música "Alegria, Alegria" do Caetano Veloso, especialmente do trecho que diz "quem lê tanta notícia?". Penso isso porque acredito que o papel do jornalista hoje, especialmente nos meios digitais, no meio dessa enxurrada de notícias, é processar o conteúdo da melhor forma para oferecer ao seu público. Isso inclui selecionar, editar, "digerir"... Quando é cada vez mais difícil conseguir "exclusividade", ganha destaque também quem oferece visões diferenciadas e mais acessíveis ao público nas diversas plataformas.

3) Como você vê o futuro do jornalista mediante essa liberdade enorme de difusão de informações pela internet, visto que a grande maioria das informações postadas são de pessoas que não dominam as técnicas jornalísticas de produção da informação?

No clicRBS Pelotas damos grande destaque aos chamados "leitores-repórteres", que registram coisas do dia-a-dia e muitas vezes são as únicas testemunhas de notícias "coloquiais" que tanto interessam o jornalismo hiperlocal: o buraco de rua, o acidente na esquina, o poste sem luz, a praça depredada, a rua interditada... Mesmo esses registros não dispensam a apuração do jornalista e a edição antes de chegar ao público. Oferecemos aos nossos colaboradores oficinas de fotografia, de redação... mas nossa intenção não é formar jornalistas, é formar boas fontes. Infelizmente uma grande parcela da população não consegue relatar com clareza o que vê, não tem clareza de pensamentos, é uma deficiência muito grave. As pessoas em geral não conseguem se expressar e isso empobrece simbolicamente as comunidades. Procuramos incentivar as expressões menos valorizadas, e orientar sobre como as pessoas podem ser "assessores de imprensa" de si mesmos e fazer com que os meios de comunicação e o público olhe para as coisas do seu bairro, da sua rua, da sua escola... Procuramos mostrar como isso pode render boas pautas, quando visto de forma apurada. Mesmo com esse poder de geração de conteúdo nas mãos de muitos, muitos ainda não sabem o que fazer com isto e ainda estamos longe de dispensar o trabalho do jornalista, justamente para produzir, selecionar, editar esses conteúdos.



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